Calado do porto do Rio Grande diminuiu? Afirmação de Rossetto é discutível
Operação do terminal de fato está enfrentando problemas em razão do assoreamento do canal de acesso, mas ainda não houve necessidade de redução oficial do calado
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“Estamos perdendo calado no porto do Rio Grande”, Miguel Rossetto (PT), em sabatina.
Candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, Miguel Rossetto afirmou que o porto do Rio Grande, que concentra as mais importantes exportações gaúchas – de produtos primários, como a soja, aos automóveis – estaria perdendo calado pela falta de dragagem, prejudicando a movimentação de cargas. A declaração ocorreu em sabatina promovida pela Associação Rio-Grandense de Imprensa no dia 9 de agosto.
O calado é uma informação divulgada pelos portos pois indica a capacidade dos navios que é suportada pelo terminal. A palavra se refere a uma medida feita na embarcação: uma linha vertical traçada desde o fundo do casco até a superfície da água – que pode inclusive variar para o mesmo navio em razão do peso da carga ou até mesmo da densidade da água. O Truco nos Estados – projeto de checagem de fatos da Agência Pública, feito no Rio Grande do Sul em parceria com o Filtro Fact-checking – verificou a declaração do candidato sobre a diminuição do calado no porto do Rio Grande.
Antes de abordar o calado, Rossetto também comentou que “o porto (do Rio Grande) está ameaçado por conta de falta de dragagem”. De fato, há anos não é feita a dragagem e algumas embarcações já sofrem com isso a depender das condições do mar. Mas o índice do calado oficial não foi reduzido. Por isto, a declaração sobre a perda do calado foi classificada como ‘Discutível’.
Consultada, a assessoria do candidato indicou como fontes de Miguel Rossetto reportagens na imprensa local que alertam para “operações com o calado no limite” em Rio Grande. A última dragagem do porto foi feita em 2010, quando o canal foi aprofundado e estabelecido que o calado máximo aceito é de 12,80 metros, ou 40 pés.
Desde então, outro tipo de dragagem, a de manutenção, não é feita. Com isso, o tráfego na hidrovia sofre com o assoreamento, ou seja, o acúmulo de sedimentos no fundo das águas. Sem a limpeza do leito do canal, as embarcações podem encostar nos bancos de areia, dependendo do movimento de marés ou de outras condições climáticas, mesmo que respeitem o calado oficial permitido.
“É como se a superfície do fundo do mar fosse aumentando, e com isso realmente os navios tem que passar com calado menor. Já está numa situação que alguns navios não conseguem entrar no porto com a maré normal, tem que esperar subir, senão vão encalhar”, explica o comandante Pedro Luppi, secretário executivo da diretoria de práticos da barra de Rio Grande.
Entretanto, o calado máximo do porto do Rio Grande se mantém inalterado porque essa é uma medida oficial – em 2017, a superintendência do terminal reiterou o dado. A própria Secretaria de Comunicação do Estado, por meio de nota enviada à nossa equipe por e-mail, confirma que “o porto vem enfrentando o assoreamento do canal de acesso, mas não houve, até este momento, necessidade de redução de calado (oficial)”. Em março de 2018, a Superintendência do Porto do Rio Grande entregou os estudos de licenciamento de um novo plano de dragagem, que agora espera liberação para execução.
Informada sobre a conclusão da checagem, a assessoria sublinhou a informação de que “hoje os navios de maior carga precisam aguardar a maré, para entrar e sair do porto. Este tempo de espera aumenta custos dos produtores, reduzindo a competitividade”. A assessoria aponta, também, “a possibilidade de redução do calado para 11 pés, colocando como consequência ter que passar a trabalhar com embarcações de menor porte”. “Uma das principais vantagens do Porto de Rio Grande era justamente sua capacidade de receber grandes embarcações”, conclui a nota.
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