Robaina está correto: setor agropecuário paga um dos menores salários no RS
Candidato ao governo gaúcho pelo PSOL, Roberto Robaina defende revisão de incentivos ao agronegócio, e indica que o setor paga os salários mais baixos. Dados do Ministério do Trabalho confirmam informação sobre emprego formal
Agropecuária no Rio Grande do Sul Agricultura Agronegócio Trabalho
“[o setor agropecuário] é um dos que pagam os salários mais baixos.”
Ao falar sobre a taxação de produtos primários como forma de recuperar o caixa do Rio Grande do Sul, em entrevista para o Jornal do Comércio, de Porto Alegre, publicada na edição impressa de 13 de agosto, Roberto Robaina (PSOL) argumentou que o setor é um dos que pagam salários mais baixos aos trabalhadores.
“Esse é o setor que menos emprega na economia e, por sinal, um dos que pagam os salários mais baixos”, disse o candidato ao jornal. A fonte na qual Robaina apoiou sua declaração sobre o salário, segundo a assessoria do candidato, foi a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), cuja versão mais recente é de 2016. O Truco nos Estados – projeto de checagem de fatos da Agência Pública, feito no Rio Grande do Sul em parceria com o Filtro Fact-checking – verificou as estatísticas geradas pelo Ministério do Trabalho sobre o tema.
A Rais indica a remuneração média dos trabalhadores em 25 subsetores de atividade econômica. Em 2016, os assalariados da agropecuária recebiam a segunda menor remuneração média no Rio Grande do Sul: R$ 1.860, ficando à frente apenas do comércio varejista, que pagava R$ 1.823. A média geral de todos os setores no estado era de R$ 2.830, quase R$ 1 mil a mais do que a remuneração dos trabalhadores no campo. Com base na Rais, Robaina está correto considerando o trabalho formal.
Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o rendimento médio dos trabalhadores por grupamento de atividade no Rio Grande do Sul, extraídos da ‘Pesquisa Nacional Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua’ do segundo trimestre de 2018, indicam outro resultado. No relatório divulgado em 16 de agosto, dos 10 setores contidos na classificação da PNAD Contínua, os trabalhadores do ramo agropecuário recebem a quinta maior remuneração no Rio Grande do Sul. Conforme tabela disponível no site do IBGE, entre abril e junho de 2018, o rendimento médio nos setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi de R$ 1.959. A estimativa do IBGE, contudo, leva em conta também o trabalho informal.
Uma pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 2014, a partir de dados da Pnad, mostrou que 59,4% dos trabalhadores do meio rural brasileiro não tinham carteira assinada. No Rio Grande do Sul, a taxa de informalidade era um pouco menor: 49,5%. A versão atual da Pnad não apresenta a taxa de informalidade por setor econômico.
A sazonalidade é uma das razões para os altos índices de informalidade no setor, segundo o estudo do Dieese: “O fato de as culturas terem seus períodos de plantio, tratos e colheita diferenciados faz com que grande parte dos trabalhadores sejam contratados para etapas diferentes desse processo, o que torna as contratações temporárias ou de curta duração algo comum ao mercado de trabalho rural”.
Como o candidato se refere especificamente a salário, o Truco nos Estados considerou a afirmação verdadeira, já que a fala do candidato faz referência específica ao trabalho formal. A assessoria de Robaina reitera: “Os dados do Caged/Rais são referentes aos salários das pessoas ocupadas, enquanto os dados do IBGE se referem ao rendimento médio das pessoas ocupadas. O rendimento inclui salários e também toda e qualquer outra fonte de renda das pessoas ocupadas. Nós nos referimos unicamente aos salários e a fonte oficial precisa para essa informação é o Caged/Rais e não o IBGE.”
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