É impossível comprovar que curitibanos deixaram de frequentar os parques por medo, como disse João Arruda
Ligar objetivamente insegurança e presença dos curitibanos nos parques precisaria de minucioso estudo, que não existe. Nem a frequência simples a prefeitura mede
“As pessoas têm medo, em Curitiba, de andar na rua. Não frequentam mais os parques”, disse o deputado federal João Arruda (MDB), dia 6 de agosto, no lançamento da candidatura ao Palácio Iguaçu.
À primeira vista, parece certo que a prefeitura de Curitiba tenha uma contagem oficial sobre quantas pessoas frequentam os parques da cidade – a ponto de notar se houve uma queda nesses números de um ano para outro. Mas não tem.
Por tudo isso o Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública feito no Paraná em parceria com o Livre.jor – considerou a afirmação impossível de comprovar.
Para afirmar que caiu a presença dos curitibanos nesses espaços ao ar livre seria necessário haver medições periódicas do fluxo de pessoas em todos os mais de 50 parques e bosques da cidade. Até para poder comparar períodos específicos: de um mês para o outro, de um ano para o seguinte. E isso, a prefeitura admite sem rodeios, não existe.
“Não existe uma contagem oficial da frequência nos parques da cidade”, confessou o Executivo, acrescentando, no entanto, que faz, sim, estimativas “para fins de planejamento de manejo”. Esse cálculo considera “a ocupação das vagas de estacionamento, informações dos permissionários sobre a venda de alimentos e exploração da publicidade”. A quantidade de resíduos coletada pelo Departamento de Limpeza Pública também entra na conta.
“O principal fator que leva as pessoas a não frequentarem os parques – espaços ao ar livre – é o climático. Muito frio, chuva, falta de sol. Apenas no parque Barigui são quase duas toneladas de lixo recolhidas após um fim de semana de sol”, completou a assessoria de comunicação social do Executivo, em nota enviada à redação.
A prefeitura sabe quais os parques mais frequentados da cidade: Barigui (estimadas 150 mil pessoas/mês), Bacacheri (30 mil/mês), São Lourenço (30 mil/mês), Tanguá (30 mil pessoas) e Lago Azul (15 mil/mês). Mas trata-se de estimativas, apenas, e não há uma série histórica delas.
E deve se considerar que são lugares frequentados por curitibanos e por turistas – a capital do Paraná, diz a prefeitura, é uma das mais procuradas do Brasil. Segundo levantamento do Ministério do Turismo, ela foi mesmo a terceira mais visitada por turistas no ano de 2016.
Há uma situação adicional: a cidade tem duas unidades de conservação que não contam como “parques”. São o Jardim Botânico e o Zoológico de Curitiba. No primeiro não há controle de visitantes, logo trabalha-se com a estimativa de 150 mil pessoas por mês. Mas no Zoológico há controle de acesso e, em julho deste ano, bateu recorde de visitação.
Estiveram ali 92,2 mil pessoas, fazendo do período o mês com mais visitas dos últimos 10 anos.
Candidato se justifica – “A percepção de que existe um clima de insegurança em Curitiba é referendada por diversas matérias jornalísticas recentes, como esta, da Gazeta do Povo, e esta, da Tribuna do Paraná”, respondeu João Arruda, via assessoria.
“A citação aos parques foi feita dentro de um contexto maior de sensação de insegurança em todos os espaços públicos. Os parques, onde supostamente as pessoas deveriam se sentir protegidas para poder desfrutar de seu lazer, são um termômetro de um problema amplo da capital.”
(Texto atualizado às 14h30 de quinta-feira, 16 de agosto, para inclusão da resposta do candidato.)
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