Ratinho subestima orçamento de Pernambuco, cujo projeto de educação quer copiar
Com metade da arrecadação do Paraná, Pernambuco tem 20 vezes mais estudantes no ensino médio integral e intercâmbio para alguns no exterior.
“O estado de Pernambuco, que não deve ter 30% da nossa arrecadação, ou 40% no máximo, consegue implantar um projeto desse [mandar alunos de escolas públicas para intercâmbios no exterior]“, afirmou Ratinho Júnior, do PSD, em entrevista ao programa de rádio RIC Mais Notícias em 28 de agosto.
Em 2017, o estado de Pernambuco teve um orçamento público de R$ 27,6 bilhões. No mesmo ano, o governo do Paraná movimentou R$ 55,5 bilhões – praticamente o dobro.
A proporção é a mesma ao comparar somente a arrecadação tributária: Pernambuco recolheu R$ 15,1 bilhões, enquanto o Paraná obteve R$ 31,2 bilhões.
Para fazer a comparação, foram utilizados os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREOs) de 2017, instrumentos padronizados de transparência criados pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Esses números mostram que o candidato Ratinho Júnior (PSD) subestimou o estado nordestino ao atribuir a ele “no máximo” 40% da capacidade financeira do Paraná. Esta é a conclusão do Truco nos Estados, projeto de fact-checking da Agência Pública feito no Paraná em parceria com o Livre.jor.
“Ganhe o Mundo” – A comparação entre Pernambuco e Paraná teve um motivo: Ratinho afirmou que, se eleito, implantaria o Programa Ganhe o Mundo, uma política pública de ensino médio integral, na qual estudantes do estado nordestino aprendem uma segunda língua no contraturno da escola.
Procuramos o governo de Pernambuco e é verdade que os melhores alunos nessa atividade de contraturno concorrem a bolsas de intercâmbio internacional. Mas isso é uma parte pequena do projeto.
Criado em 2011, o Ganhe o Mundo já teve 150 mil alunos inscritos nos cursos de línguas. Em 2017, 508 das 1.054 unidades de ensino da rede estadual ofereciam essa atividade, com 1.152 turmas. Por ano, são ofertadas 15 mil vagas em cursos de inglês, espanhol ou alemão. A atividade tem 324 horas/aula de duração.
“Os professores que atuam no curso de segunda língua do Ganhe o Mundo são contratados pela empresa Pearson, que presta serviços à Secretaria de Educação do Estado na área de recursos didáticos e conteúdos. O contrato, de duração de três anos, é de R$ 48 milhões”, informou o governo de Pernambuco.
Nesse período, dos 150 mil inscritos nas aulas de línguas, 6,5 mil (4% do total) tiveram intercâmbios pagos pelo Estado. A estadia no exterior dura um semestre letivo – em torno de 18 a 22 semanas, a depender do destino.
“Durante a estadia no país estrangeiro, os selecionados têm todas as despesas pagas pelo governo: passagem aérea, hospedagem em casa de família, matrícula em escola de ensino médio, seguro de saúde e uma bolsa mensal no valor de R$ 719 para gastos pessoais”, informou a administração. Isso custa aos cofres públicos, por ano, R$ 29 milhões.
Ensino integral – Pernambuco tem o maior número de matrículas de ensino médio em regime integral do Brasil. Eram 145 mil em 2017 na rede estadual, segundo o Censo Escolar feito pelo Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
No Paraná, na rede estadual, são apenas 7.132 matrículas – 20 vezes menos.
As escolas do governo de Pernambuco, segundo o Inep, abrigam 352 mil estudantes de ensino médio. No Paraná, são 439 mil.
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