Maringá tem bons índices, mas não é necessariamente melhor cidade para se viver
Cida Borghetti usa dados de consultoria, mas agência da ONU diz que cidade é a 23º com melhor IDHM do Brasil
“Maringá dá exemplo ao Brasil e é hoje a melhor cidade para se viver”, disse a governadora do Paraná e candidata à reeleição Cida Borghetti (PP) durante entrevista à rádio CBN Maringá, no dia 14 de setembro.
A intenção da candidata foi fazer um elogio a ela mesma e seu grupo político – o marido, o deputado federal Ricardo Barros, e o irmão dele, Sílvio Barros, ambos também filiados ao PP, foram prefeitos da cidade entre 1989 e 1992 e 2005 e 2008, respectivamente, e ela atuou na gestão municipal.
Em agosto, a consultoria Macroplan, responsável pelo portal Desafios dos Municípios, divulgou o ranking DGM 2018, no qual compara 15 indicadores relacionados à educação, à saúde, à segurança e ao saneamento das 100 maiores cidades do Brasil.
Pelo segundo ano consecutivo, Maringá lidera a lista. Essa posição equivaleria a dizer que a cidade é aquela que oferece melhores serviços públicos à população dentre as analisadas. Pelo ranking da Macroplan, Maringá, com uma nota 0,748, está nove posições à frente de Curitiba, com uma avaliação de 0,697.
Com uma metodologia diferente, o Atlas do Desenvolvimento Urbano no Brasil também faz uma análise positiva de Maringá. Mas não coloca a cidade no topo da qualidade de vida no país. Para o Atlas, a cidade tem o 23º melhor IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), com a nota 0,808. Atrás de Curitiba, em 10º lugar, com 0,823, e de São Caetano do Sul, líder do ranking, com 0,862.
Diferente do DGM (Desafios da Gestão Municipal), o IDHM mobiliza 180 indicadores socioeconômicos e é compilado de dez em dez anos, por ocasião dos Censos Demográficos, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela Fundação João Pinheiro do governo de Minas Gerais e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Por isso, o Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública, feito no Paraná em parceria com o Livre.jor – julgou discutível a declaração de Cida Borghetti.
Há metodologias conflitantes sobre Maringá ser, ou não ser, a melhor cidade do Brasil para se viver.
Clã de Maringá – Sempre que pode Cida Borghetti usa Maringá como exemplo do que os paranaenses teriam dela à frente do Palácio Iguaçu, numa alusão direta ao clã político a que pertence – a família Barros, que há 30 anos é muito influente na cidade do noroeste do Paraná.
É lá a base eleitoral que Ricardo Barros (PP), marido da candidata, mobiliza para ser sucessivamente eleito deputado federal. Recentemente, ele ocupou o Ministério da Saúde no governo Temer. A filha do casal, Maria Victoria (PP), é candidata à reeleição a um posto de deputada na Assembleia Legislativa do Paraná.
Região Metropolitana –Em artigo publicado no jornal da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em 2013, quando foi divulgada a atualização dos dados do IDHM, a pesquisadora Ana Lúcia Rodrigues, do núcleo local do Observatório das Metrópoles, fez uma análise do que, para ela, estaria por trás do bom ranqueamento da cidade.
“A Região Metropolitana de Maringá (RMM) é composta por 26 municípios, sendo o maior IDH o da cidade polo, que se apresenta como a 23ª colocada dentre os municípios brasileiros.
Essa excelente posição nacional alcançada por Maringá pode ser explicada pelo seu reverso, ou seja, pela péssima colocação dos demais municípios da RMM, que dentre os 26, tem 11 com IDH menor que o do Brasil”, contextualiza ela.
Na sequência, argumenta que há um desenvolvimento historicamente desigual na área.
“[A RMM é] um território marcado por intenso processo de segregação socioespacial em que o município polo incorporou majoritariamente população de médias e altas rendas, e afastou para os municípios do seu entorno os moradores de baixas e baixíssimas rendas”, diz, principalmente pela política de gentrificação do uso do solo.
“O resultado desta aliança foi o afastamento dos trabalhadores de Maringá que, não conseguindo estabelecer sua moradia na cidade, foram residir principalmente em Sarandi e Paiçandu.
O trabalhador mora fora, mas o posto de trabalho se mantém na cidade sede, que concentra todos os investimentos”, denunciava, à época, a pesquisadora. O artigo pode ser lido aqui.
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