Luiz Marinho usa dado falso ao criticar salário de professores de SP
Candidato errou ao afirmar que Maranhão dobrou a remuneração da categoria, porque isso só ocorreu para quem dobrou a jornada
“O estado do Maranhão, uma economia muito mais frágil, consegue [dobrar os salários dos professores estaduais] e o estado de São Paulo não consegue?” – Luiz Marinho (PT), no evento Universidade vai às urnas.
O candidato Luiz Marinho (PT) afirmou, durante o debate Universidade vai às urnas, que o salário dos professores da rede estadual de ensino do Maranhão dobrou – e que São Paulo não conseguiu repetir o mesmo feito. O Truco nos Estados – projeto de checagem de informações da Agência Pública, que acompanha a disputa para governador em São Paulo e em outras seis unidades da Federação – verificou a afirmação. O dado citado por Marinho é falso, porque o aumento dos salários no Maranhão veio acompanhado do aumento da jornada de trabalho.
A assessoria de imprensa do candidato não enviou a fonte da afirmação. A faixa salarial para 40 horas semanais no Maranhão foi criada por meio do Decreto nº 31.538, de 11 de março de 2016, que estabeleceu a ampliação da carga horária dos professores estaduais. A jornada não existia antes no estado e passou a constar na folha de pagamento em 2016, como é possível observar na série histórica dos vencimentos enviados à reportagem.
De fato, a remuneração dos professores do Maranhão aumentou nos últimos anos. Segundo informações da Secretaria de Educação do Maranhão, atualmente um docente da rede estadual de ensino que trabalha 40 horas semanais pode ganhar entre R$ 5.750,84 e R$ 7.706,73. É um valor muito maior do que o piso salarial dos professores fixado pelo Ministério da Educação para este ano, de R$ 2.455,35 para a jornada de 40 horas semanais.
Em 2014, um professor que trabalhava 20 horas semanais na rede estadual do Maranhão recebia inicialmente entre R$ 2.205,75 até R$ 2.955,54. Atualmente, o profissional que cumpre a mesma jornada recebe entre R$ 2.875,42 e R$ 3.853,35 – em ambos os casos, a diferença entre os salários dos dois períodos foi de 30,3%. Já um profissional que trabalhava 40 horas teve reajuste de 15,3% desde a criação dessa jornada no estado, em 2016. O salário não dobrou em nenhum dos dois casos.
Segundo reportagem da Nova Escola, apesar de o valor do piso para 40 horas no Maranhão ser o maior do país, apenas 7% dos professores da rede possuem essa atribuição de aulas – ou seja, a maioria, que trabalha em jornadas de 20 horas, recebeu um aumento de 30,3% nos últimos quatro anos.
São Paulo
O salário-base de um professor da rede estadual de São Paulo que trabalha 40 horas semanais e atua nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, chamado Professor da Educação Básica II (PEB II), é de R$ 2.585,01. O valor fica abaixo da média brasileira de R$ 3.476,42 para essa jornada, segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
De acordo com os dados da Secretaria de Educação de São Paulo, de 2014 até fevereiro de 2018 os docentes recebiam R$ 2.415,89 por 40 horas semanais. Em fevereiro de 2018, o salário da categoria foi reajustado para R$ 2.585,01 – uma diferença de 7%.
A reportagem também solicitou a série histórica do pagamento dos professores de rede estadual que cumprem jornada de 20 horas semanais, mas não obteve resposta da Secretaria de Educação de São Paulo.
Após ser comunicada sobre o resultado da checagem, a assessoria de Luiz Marinho enviou a seguinte nota: “Marinho afirma que vai dobrar o salário dos professores de São Paulo em quatro anos. E que não é admissível que um estado como o Maranhão consiga pagar um salário de cerca de R$ 5 mil aos professores e São Paulo, que tem uma economia muito mais forte.”
Atualização (30/08, às 11h55): Foi incluída a resposta da assessoria de imprensa de Luiz Marinho.
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