SP perde mais de um terço da água tratada na distribuição
Rodrigo Tavares (PRTB) acertou ao falar sobre o problema; desperdício dentro da rede aumentou em 2016, segundo estudo do Ministério das Cidades
“[É] na distribuição (…) que se perde grande parte da água do estado de São Paulo.” – Rodrigo Tavares (PRTB), em debate promovido por RedeTV! e IstoÉ.
No segundo debate televisivo realizado com os candidatos ao governo de São Paulo, Rodrigo Tavares (PRTB) afirmou que o estado passa por uma nova crise hídrica. Ao elencar suas propostas para tratar da questão, prometeu resolver os problemas que envolvem a rede de distribuição, etapa na qual, de acordo com ele, é desperdiçada grande parte da água em São Paulo. O Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública, que analisa a disputa eleitoral para governador em sete unidades da Federação – concluiu que a declaração é verdadeira.
A assessoria de imprensa de Tavares comunicou que o candidato buscou a informação citada “em posicionamentos da Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo], divulgados via site da autarquia, bem como em matérias de importantes órgãos de imprensa”. No entanto, a Sabesp atende apenas 368 dos 645 municípios paulistas, por isso, os números relativos à sua rede não são suficientes para se obter um quadro fiel à realidade do estado. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) disponibilizados no site da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do estado de São Paulo (Arsesp) mostram que há outras agências prestadoras atuando localmente no saneamento básico em São Paulo, das quais 258 são públicas, e 19, privadas.
A última edição do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – estudo publicado pelo Ministério das Cidades em fevereiro, com dados de 2016 coletados pelo SNIS – traz indicadores sobre a perda de água nas redes de distribuição de todas as unidades da Federação. Os números são cedidos ao SNIS por companhias estaduais, entidades e autarquias municipais, empresas privadas ou pelas prefeituras, já que é dos municípios a atribuição de prestar os serviços de saneamento básico, conforme estabelece a Lei nº 11.445/2007.
O conceito de perda, segundo o relatório, engloba aquelas chamadas de aparentes (ou não físicas, comerciais) – o volume de água efetivamente consumido pelo usuário, mas, por alguma razão, não medido, gerando baixas no faturamento da operadora – e as caracterizadas como reais (ou físicas), referentes à quantidade de água disponibilizada para distribuição que não chega aos consumidores por conta de vazamentos, por exemplo. Ainda de acordo com o estudo, o indicador de perdas da distribuição é calculado pela diferença entre o volume da água produzido e o volume da água consumido, dividido pelo volume de água produzido – deste último número é descontado o volume usado para atividades operacionais e especiais e também somada a quantidade de água tratada recebida de outros fornecedores.
Desperdício aumentou
O diagnóstico revela que, em 2016, São Paulo de fato perdeu significativa parte de sua água durante a fase de distribuição: 36,1%, ou seja, mais de um terço. No ranking que leva em conta todas as unidades da Federação, o estado ocupa o 20º lugar – a primeira posição fica por conta do Amapá, que desperdiçou naquele ano 70,5% da água no caminho até o consumidor, e a última, pelo Tocantins, onde 30,1% da água se perdeu na rede de fornecimento. A média nacional foi de 38,1%, e a da região Sudeste, de 34,7%.
As versões do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos lançadas nos últimos cinco anos mostram que o índice de perda de água na distribuição em São Paulo aumentou em 2016. Em 2012, ele foi de 34,2%; em 2013, de 34,2%; em 2014, de 33%; e em 2015, de 33,5%. O indicador atual é superior ao de 2014, quando se iniciou a maior crise hídrica pela qual o estado passou neste século.
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