Doria cita dado impossível de provar sobre empresas fechadas em governo do PT
Candidato tucano fez referência às médias e grandes empresas, porém números disponíveis não usam essa classificação
“[O PT proporcionou o fechamento de] mais de 30 mil empresas de médio e grande porte (…) no Brasil.” – João Doria (PSDB), no debate da Rede Record.
No debate promovido pela Rede Record, o penúltimo com os candidatos ao governo antes do primeiro turno, João Doria (PSDB) fez críticas ao PT. De acordo com o político, o partido foi responsável pelo fechamento de mais de 30 mil empresas de médio e grande porte no país. O Truco nos Estados – projeto de checagem de fatos da Agência Pública – verificou o dado e concluiu que é impossível de ser provado.
A assessoria de imprensa do tucano indicou duas reportagens como fontes da declaração: uma do Correio Braziliense, publicada em agosto de 2015, na qual consta que 191 mil empresas fecharam no Brasil durante o primeiro semestre daquele ano; e outra do portal G1, divulgada em junho, segundo a qual 341,6 mil empresas finalizaram suas atividades no país de 2013 a 2016. Nenhuma das duas, entretanto, traz exatamente a informação mencionada por Doria, com o recorte específico de médias e grandes empresas – apresentam somente o total de empresas encerradas em um determinado intervalo de tempo.
No primeiro texto, os dados citados são atribuídos à Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O Truco pediu à pasta números relativos aos anos em que Dilma Rousseff ocupou a Presidência, de 2011 a 2015 – 2016 foi desconsiderado porque, a partir de maio, Michel Temer passou a comandar o país. A decisão de tomar como base os mandatos da petista se deve ao fato de que ambas as matérias enviadas pela equipe de Doria se referem a esse período – nenhuma alude aos anos de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Contatado, o Ministério da Indústria informou que sua base de dados não está mais acessível devido a problemas técnicos e recomendou consulta ao DataSebrae, mantido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A entidade, no entanto, só disponibiliza indicadores relativos a micro e pequenas empresas, que são seu foco de atuação.
O Truco, então, procurou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulga números sobre empresas brasileiras do segmento formal. O órgão fornece a quantidade de companhias que deixaram de existir por ano segundo três faixas de pessoal ocupado: zero funcionários, de 1 a 9 funcionários e de 10 funcionários ou mais. Essa classificação, no entanto, não corresponde à utilizada pelo Sebrae e reiterada pelo IBGE.
Conforme essa metodologia, para os setores de extrativismo mineral, indústria e transformação e construção, médias empresas são aquelas que têm de 100 a 499 empregados; e grandes, as que possuem 500 ou mais. Já para os setores de agropecuária, serviços industriais de utilidade pública (SIUP) e comércio e serviços, são consideradas médias as empresas que empregam de 50 a 99 pessoas, e grandes as com 100 trabalhadores ou mais. Portanto, a partir dos dados existentes sobre a questão, é impossível saber o número exato de empresas de médio e grande porte cuja atividade foi encerrada durante a administração de Dilma Rousseff.
Comunicada sobre o resultado da checagem, a assessoria de imprensa de Doria não enviou contestação no prazo estabelecido.
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