Bandeira LGBT não substituiu a do Brasil em escola de Pelotas, como diz corrente
Texto compartilhado por WhatsApp e Facebook afirma que bandeira do Brasil foi substituída por símbolo LGBT. Hasteamento, de fato, ocorreu durante atividades de conscientização contra a homofobia, mas não houve uma troca de bandeiras
“[Eduardo Leite e Paula Mascarenhas] foram os responsáveis por SUBSTITUIR a bandeira do Brasil, por uma bandeira do movimento LGBT nesta mesma escola”, diz corrente que circula nas redes sociais.
Circula pelo WhatsApp e em páginas de apoio a Jair Bolsonaro (PSL) no Facebook uma campanha para que eleitores do capitão para a presidência da República não votem em Eduardo Leite (PSDB) para o governo gaúcho. “Se você é Bolsonaro, não deveria votar em Eduardo Leite”, diz a mensagem, em letras maiúsculas, e passa a enumerar razões para não eleger o tucano no Rio Grande do Sul. Desde que anunciou apoio a Bolsonaro, Leite vem sendo criticado por apoiadores do militar da reserva.
Entre os motivos elencados para desmotivar eleitores de Bolsonaro a optarem por Eduardo Leite estão questões relacionadas à causa LGBT. “Lembremos que em Pelotas, Eduardo Leite e Paula Schild Mascarenhas foram os responsáveis pela criação de uma secretaria para os direitos LGBT; por colocar um travesti em uma escola municipal de renome para ministrar palestras sobre gênero; foram os responsáveis por SUBSTITUIR a Bandeira do Brasil, por uma bandeira do movimento LGBT nesta mesma escola”, diz um trecho da mensagem.
Em uma das postagens, em página pró-Bolsonaro, o texto alcançou 78 compartilhamentos
O Truco nos Estados – projeto de checagem de fatos da Agência Pública, feito no RS em parceria com o Filtro Fact-checking – verificou que, de fato, uma bandeira com as cores do arco-íris foi hasteada no Colégio Municipal Pelotense em meio a atividades de conscientização contra a homofobia. No entanto, não houve a troca de uma bandeira pela outra.
De acordo com Arthur da Silva Katrein, diretor do Colégio Pelotense – uma das mais tradicionais escolas municipais de Pelotas, com mais de 3 mil alunos e um século de história – o ato ocorreu durante a programação da Semana da Diversidade, em novembro do ano passado. Portanto, já com Paula Mascarenhas (PSDB) na prefeitura – ela sucedeu Eduardo Leite, do mesmo partido, que governou a cidade de 2013 a 2016. A atividade não se restringiu ao Colégio Pelotense – também ocorreu o hasteamento de uma bandeira LGBT no campus Pelotas do Instituto Federal de Educação (IFSul), cuja administração não é vinculada com o município, mas sim, à União
“Não foi arriada a bandeira nacional para o hasteamento da outra. A bandeira LGBT foi hasteada em um mastro vazio”, esclareceu o diretor, em entrevista por telefone. Katrein também comentou a repercussão de um vídeo publicado no canal do youtuber Rafinha BK, sobre a palestra com travestis, que fez parte da mesma programação. BK é identificado com movimentos da direita e apoiou candidatos do partido de Bolsonaro nesta eleição. “Houve uma supervalorização do episódio, que ocorreu dentro das diretrizes curriculares, para alunos do ensino médio, e supervisionado por educadores”, destacou o diretor.
Consultada sobre o tema, a assessoria de Eduardo Leite reiterou que a palestra em questão integrou a Semana da Diversidade 2017 de Pelotas, organizada por diversas entidades – Grupo Também; ONG Gesto; Núcleo de Gênero e Diversidade da Universidade Federal de Pelotas (Nuged); Comissão Especial de Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção Pelotas; Grupo Diversus (grupo interdisciplinar de estudos em gênero e diversidade sexual do Colégio Municipal Pelotense); Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). O evento teve apoio não só da prefeitura de Pelotas, mas também do governo do Estado.
Ainda sobre este tema, a corrente erra ao afirmar que o tucano e sua sucessora foram responsáveis pela criação de uma secretaria para os direitos LGBT. Não há uma secretaria de direitos LGBT na estrutura administrativa da prefeitura de Pelotas. Uma emenda à lei orgânica nº 90, promulgada pelo então presidente da Câmara Municipal em novembro de 2015, quando Leite ainda era prefeito, aprova a criação do Conselho Municipal de Direitos da Cidadania LGBT, porém este nunca foi formado.
O texto também menciona questões ligadas à formação de Eduardo Leite no exterior após término de seu mandato em Pelotas. O Truco nos Estados também checou essas informações.
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